A imortalidade
quironiana dentro da vida
e a imortalidade dentro da morte
Janine Milward
O fato de que Quíron sofria suas
dores intensas é o que o levou a perder - a trocar, digamos assim - sua
imortalidade e seguir seu caminho em direção aos mundos ínferos... ! E por que teria ele ido diretamente ao mundos
ínferos ao invés de ter seguido para os Campos Elísios, para o paraíso? Porque a perda da dor humana e animal deveria
ser compreendida ainda mais profundamente do que havia Quíron compreendido até
então, em sua vida! E para que pudesse
realmente compreender o que sua dor pessoal significa, ele teve que se
encontrar diretamente com Plutão, para que pudesse conhecer inteiramente os
segredos não-revelados (que jazem não somente em Plutão como também nos
Planetóides Transplutonianos, assim como Ísis, a guardiã dos segredos do
conhecimento, conforme já comentamos anteriormente, em outros textos, em outras
aulas).
Foi somente ao se encontrar com Plutão,
que Quíron pôde realmente se metamorfosear e se regenerar inteiramente, ou
seja, ele deixou de ser metade cavalo e metade homem - e também não era mais
semideus! Enfim, esse encontrou o deixou
dentro do Vazio. E exatamente porque ele
adentrou seu Vazio é que ele foi metamorfoseado e inteiramente regenerado e
colocado nos céus estrelados para se tornar um arquétipo inspirador e condutor
de caminhos!
Enquanto Quíron vivia com semideus e
centauro e cheio de dores de uma ferida sempre aberta e nunca tratada, e
cuidava dos heróis e de seus discípulos e de todos os Caminhantes que o
procuravam, ele era o único a agir como Ponte.
Porém, após sua morte e seu encontro com Plutão e sua metamorfose e
regeneração através o angariamento do seu conhecimento acerca não somente do
Trabalho no Planeta Terra como também dos Caminhos da Iluminação e da Liberação
ou Imortalidade, ele pôde espraiar seu arquétipo de Ponte para todos nós,
simples seres humanos que o possuímos enquanto arquétipo em nosso Risco do
Bordado. Ou seja: vivo e imortal e
semideus (mesmo que metade cavalo e metade homem), Quíron era apenas ele mesmo,
um ser singular. Morto e mortalizado,
ele se tornou realmente Imortal (pois que perfez idealmente seu Caminho da
Imortalidade por ser já um Iluminado...), e pôde deixar seu arquétipo de Ponte
e de mestre dos mestres e de curador ferido para ser agregado por cada um de
nós - ele tornou-se um ser coletivo!
Se não tivesse desejado por sua morte -
porque Quíron aspirou por sua morte e lamentou por um bom tempo ser imortal...
-, Quíron não poderia se tornar um mito, ou seja, não poderia nos legar seu
mito, seu arquétipo, tudo ficaria nele mesmo e não em nós!
Sobre este tema, Lao Tsé nos diz, em
seu Capítulo 09:
Concluir o
nome, terminar a obra, retirar o corpo
Este é o
Caminho do Céu
No Capítulo 13, o Mestre do Tao nos
diz:
Nobre é aquele
que entrega o corpo ao mundo
A este o mundo
pode se entregar
Quem ama faz do
mundo o seu corpo
Neste o mundo
pode confiar.
No capítulo 16, Lao Tsé nos diz:
O céu tem o
poder do Caminho
O Caminho tem o
poder do eterno.
Assim, mesmo
perdendo o corpo, não irá perecer
É certo porém, que esses conceitos
acima comentados são para serem realizados pelos seres que já tenham alcançado
um bom patamar de ampliação de suas consciências, sem dúvida alguma, e que
tenham sido bem-sucedidos na realização de seus Ciclos mais importantes de
vida, conforme acima comentando, e que tenham se preparado para vivenciarem
suas vidas em níveis mais amplos - a partir do movimento de afélio do Planeta
Urano (ponto esse ainda não alcançado fisicamente por Quíron e que por isso
mesmo ele se tornou o arquétipo do mestre que se encontra ao final da Ponte
sempre estendendo suas mãos e doando seus ensinamentos para que seus discípulos
possam, sozinhos e por si mesmos, galgarem todas as etapas de suas pontes
pessoais entre os mundo da manifestação saturnino e para ainda antes de Saturno
e da não-manifestação uraniano e ainda para além de Urano. Essa compreensão nos é dada de maneira mais substanciosa
a partir de nosso Segundo Retorno de
Saturno que inaugura nosso Terceiro Ato de Vida e nos apronta para nosso
Retorno de Urano e nosso Quarto Ato de Vida coroado - e por vezes, finalizado -
pelo Terceiro Retorno de Saturno.
Caso nosso cliente ou o Caminhante que
nos chega até nós para serem por nós tratados terapeuticamente ou através
nossos aconselhamentos astrológicos não sejam seres ainda formados dentro de
uma plenitude de consciência mais iluminada..., aí então temos que tomar um
verdadeiro bom cuidado em termos de tratamento e de aconselhamento que possa
vir a curar, fundamentalmente, o sentimento de desejo de morte aquinhoado por
nosso cliente ou pelo Caminhante.
Nesse sentido, Saturno poderia estar atuando como aquele que
faz com que a dor ou o desejo da morte permaneçam como doença crônica e Urano
poderia estar atuando como aquele que traz o desejo do corte guilhotinal -
inesperado ou não, conscientizado ou não.
Então, nesses casos, eu aconselho que a pessoa seja enviada a fazer um bom
processo de psicoterapia profunda, realmente, para que possa ir buscar suas
raízes fundamentais de forma bem concretizada, ajudada pelo profissional
competente para tanto.
Por vezes, aqui no Sítio das Estrelas,
chegam algumas pessoas desejosas de trabalhos quironianos profundos mas nem
sempre eu posso lhes satisfazer esse desejo!
E por que não? Porque pressinto,
sinto, vejo e percebo que a pessoa não está pronta para tanto, que a pessoa não
quer realmente se aprofundar em seu auto-conhecimento, não quer curar sua dor e
seu sintoma original, enfim, não quer trabalhar por si mesma e quer apenas que
um toque mágico a leve a deixar de sentir suas dores e seus sintomas originais
e a faça perceber tudo e todos, que a faça ampliar sua consciência! ah, quanta pretensão!
Ao tratarmos as pessoas que chegam até
nós, temos que realmente tentar perceber se elas querem verdadeiramente se
curar - ou não! Se elas querem realmente
se conscientizar sobre seus sintomas originais e se curar dos mesmos - ou não! É que muitas das pessoas choram suas dores,
sim, mas não saberiam viver sem fazer outra coisa que não seja chorar suas
dores, entende caro Amigo das Estrelas?
Muitas pessoas até possuem uma certa consciência acerca de seus sintomas
originais, sim, mas não saberiam viver sem eles, estão acomodadas, não
conseguem ousar lutar por suas libertações!
Nesse caso, existe um aprisionamento muito grande dentro do arquétipo
saturnino em relação a dor, um prolongamento sine die da dor, uma imensa
perseverança dentro da manutenção da dor.
Sempre a ruptura trazida por Urano, o corte guilhotinal, é algo muito
doloroso, sabemos bem disso e por isso mesmo as pessoas querem se curar, sim,
mas não querem porque têm muito medo da dor profunda que terão que sentir para
tanto, para se curarem e por isso mesmo, não se curam, permanecem dentro de
suas dores.
O que então acontece quando a pessoa
permanece dentro de sua dor, sem querer se curar porque não quer sentir mais
dor ainda dentro do processo de cura da dor original? Ela não expande sua consciência. Ela pode até conseguir bem realizar seu
processo de Trabalho no Planeta Terra, sim, mas não consegue se colocar em seu
Caminho da Iluminação e menos ainda pensa sequer que existe um Caminho da
Liberação ou Imortalidade para ainda além do Caminho da Iluminação!
Talvez tenha sido por isso mesmo que
Mestre Jesus, ao morrer de forma tão dolorosa na cruz, tenha demonstrado aos
homens que o Caminho da Liberação ou Imortalidade requer muita dor! Certamente, com isso Mestre Jesus não queria
que todos nós passássemos por aquela dor física terrível que ele sofreu.... mas
sabia que todos nós, mais dia menos dia, mais encarnação menos encarnação,
estaremos passando por um tipo de dor, sim, e estaremos desejosos de buscarmos
nossa verdadeira metamorfose e nossa verdadeira regeneração dentro de nosso
processo de desejo de morte, imitando a Quíron, certamente, e nos colocando
dentro do Corpo Solar, do Corpo Diamantino, do Corpo de Luz que jamais perece,
sempre permanece.
Aliás, é interessante observarmos
que nosso Mestre Freud passou praticamente
toda sua vida de maturidade, dentro de sua teoria da psicanálise, nos falando
acerca das pulsões de vida e de morte.
No entanto, ao final de sua vida, ao final do tecimento de sua teoria
acerca do consciente e do inconsciente, Freud admitiu que havia apenas uma
pulsão somente, a de morte. E dentro do
mito de Quíron também encontraremos essa verdade: a vida imortalizada porém
vivida não era algo que satisfizesse o desejo de Karma e de Dharma existente em
Quíron. Através da mortalidade e da morte,
ele pôde, finalmente, tornar-se verdadeiramente imortal.
Enquanto vivia na Terra, Quíron era o
curador e mestre, depois curador-ferido e mestre. Ao perder sua imortalidade, desceu aos mundos
ínferos e obteve sua metamorfose e regeneração plena, ou seja, adquiriu seu
corpo diamantino e foi tornou-se imortal, dentro da morte e assim, continuou a
ser o curador ferido e mestre, sim, mas fundamentalmente tornou-se Mestre dos
mestres, o guia de todos aqueles que já estão em seus Caminhos da Iluminação
envisionando seus Caminhos da Liberação ou Imortalidade.
Portanto, dependendo do nível de
expansão de nossa consciência acerca do porquê de nossa encarnação, de nossas
vivências sucessivas ao longo da vida do nosso universo e juntamente com a vida
do nosso universo, sempre em plenitude de mutação, iremos vivenciar os
arquétipos múltiplos quironianos de acordo com nossos Karmas e Samskaras a
serem resgatados e de acordo com nossa índole essencial e de acordo com nosso
livre-arbítrio.
Em nosso Risco do Bordado, em nosso
mapa astral, podemos ter uma idéia de como esses valores poderão vir a serem
realizados e vivenciados... porém dificilmente tudo isso pode nos apontar para
a verdadeira índole de cada um de nós: isso sim, é algo absolutamente pessoal.
De outra forma, se assim não fosse, não somente teríamos um Wolfgang Amadeus
Mozart, teríamos vários! Vários Freuds,
vários Einsteins, vários Jesus!
Finalmente, gostaria também de dizer
que um dos pontos mais importantes acerca do mito quironiano é o fato de ele
ter sido acertado por uma flecha envenenada, atirada por engano, certamente,
por um dos seus maiores discípulos, Hercules.
Por que digo isso? Porque nosso Risco do Bordado, nosso mapa
astral, nos apresenta um conjunto de situações que atingem um determinado
clímax, digamos assim, seu highlight, em dados momentos, especiais momentos, de
nossa vida. Isso acontecendo, nossa
missão, então, mostra seu sentido! No
caso de Quíron, era importante que não fosse apenas um curador e mestre, era
fundamentalmente que se tornasse um curador-ferido, que tivesse sua ferida
nunca curada - mesmo que ele fosse o verdadeiro pai da medicina... pois que, na
verdade, não queria curar sua ferida, queria sentir a dor que os homens sentem,
não queria ser imortal, semideus que era!
Quíron sempre soube que a verdadeira imortalidade somente é conseguida
através da mortalidade - por isso seu desejo de morte, a morte que lhe
trouxesse sua verdadeira ressurreição.
Como você pode ver, caro aluno de
Amigos das Estrelas, o mito de Quíron é um dos mais complexos e certamente um
dos mais belos que podemos encontrar dentro do inconsciente dos homens,
trazidos às suas consciências através o vasto leque de possibilidades que esse
mesmo mito nos propõe.
É portanto, necessário e fundamental,
que bem identifiquemos em nós mesmos e em nossos clientes e Caminhantes que
chegam até nós, o nível de expansão de consciência em cada um de forma que
possamos sentir e trabalhar pragmaticamente a dor e o sintoma original dos
seres e suas curas.
COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward
LEIA MAIS SOBRE QUÍRON, ACESSANDO
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O Curador Ferido e Mestre dos mestres
Textos Teóricos e Textos Práticos estruturados em leitura e interpretação de Mapas de alunos (com suas devidas permissões)
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2008
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