Janine Milward
O homem se
orienta pela terra
A terra se
orienta pelo céu
O céu se
orienta pelo Caminho (o Tao)
E o Tao se
orienta por sua própria natureza
Lao Tsé, o Mestre do Tao, assim nos
orienta a respeito do Dharma primordial,
ou seja, o Tao se orienta por sua própria natureza..... Podemos, então,
entender o Dharma como sendo a
característica essencial de nosso
ser, nossa natureza essencial, nossa própria maneira de ser.
Essa característica essencial – Dharma - pertence ao nosso Espírito,
desde sempre, e vai sendo trabalhada ao longo de nossas vivências sucessivas,
por nossa Alma, desde sempre.
Também Dharma nos remete à alegria de fazermos parte de uma coletividade
dentro da Criação – Jiiva - e, com a
plena consciência em relação à nossa natureza essencial, prestarmos nossos
serviços a todos os seres – no entanto, sempre voltados para nossa Unidade
essencial, Shiiva.
Dharma é, portanto,
plenitude de alegria, a alegria que reside no fundo de nosso coração.
Através dos tempos e do espaço, do
Vazio e da Luz, de nossas Vivências Sucessivas (re-encarnações), vamos
vivenciando cada vez mais a ampliação de nossa mente até que se torne mente
iluminada e infinita. E é através da forma com a qual vamos vivenciando este
processo dentro da Samsara, a Roda da
Vida, as encarnações junto à mutação da Criação, que vamos elaborando nossa
natureza essencial, nosso Dharma.
Então, assim como acontece com Karmas e Samskaras – ações e reações em potencial – o Dharma é também algo que vamos construindo ao longo de nossas vidas
sucessivas: o ser essencial, a natureza própria que existe em cada um de nós, é
como uma longa estrada caminhada passo a passo – com consciência a cada passo.
É o Livre-Arbítrio.
- Tao Te Ching,
O Livro do Caminho e da Virtude - Lao Tsé - Capítulo 25
tradução de Wu
Jyh Cherng – Editora Ursa Maior, SP
O que é
Dharma
Srii Srii Anandamurti
O texto foi
extraído de Ananda Marga: Elementary Philosophy (publicado dentro do site www.anandamarga.org) e traduzido livremente por
Janine Milward.
This is an excerpt from Ananda Marga: Elementary Philosophy by Shrii
Shrii Anandamurti. Ananda Marga Publications, Kolkata, Published with permission
of Ananda Marga Central Publications. © 1998 Ánanda Márga Pracáraka
Sam’gha, all rights reserved.
Os seres humanos são os seres mais
desenvolvidos. Eles (podem) possuir o desenvolvimento da consciência em seu
mais alto nível e esse fato os torna diferenciados de todos os outros animais.
Nenhum outro ser possui tal clareza de consciência. Os seres humanos podem
distinguir entre o bem e o mal com a ajuda de sua consciência e quando em
perigo, eles podem buscar uma saída – com a ajuda dessa consciência. Ninguém
gosta de viver na miséria e no sofrimento – menos ainda os seres humanos que
procuram, através da consciência, uma saída para tais vicissitudes. A vida sem
tristeza nem sofrimento é uma vida de felicidade e de benção e é isso que as
pessoas almejam. Todo mundo está em busca da felicidade – a verdade é que a
natureza das pessoas é buscar a felicidade. Veremos então o que as pessoas
devem fazer para alcançar a felicidade e se esta é alcançada através destas
formas de busca.
Em sua busca pela felicidade, as
pessoas são, a princípio, atraídas pelos divertimentos mundanos. Elas amam a
riqueza e tentam atingir o poder e posições que satisfaçam seus desejos de
felicidade. Aquele que possui muito dinheiro não está satisfeito apenas com
isso e busca mais e mais dinheiro, e no entanto, mesmo possuindo muitíssimo
dinheiro ainda não se acha satisfeito e ainda sai em busca de mais e mais....
Também uma pessoa que tenha influência numa cidade deseja estender esta
influência sobre uma província, políticos estatais desejam se tornar políticos
nacionais, e se assim conseguirem suas posições, estarão ambicionando uma
posição de liderança mundial. A mera aquisição da riqueza, do poder e de
posições não satisfaz uma pessoa. A aquisição de alguma coisa que possua seus
limites simplesmente cria o desejo de mais e mais e a busca pela felicidade
parece não ter fim... a fome de possuir não tem fim: é ilimitada e infinita.
Não importa o quão digno ou não é este
alcance de felicidade, não ajuda a fazer com que as pessoas descansem em suas
buscas por felicidade. Aqueles que lutam pela riqueza não ficam satisfeitos
enquanto não obtiverem uma riqueza ilimitada. Também não aqueles que buscam por
poder, posições e prestígio podem se sentir satisfeitos até que essas questões sejam
atingidas em proporções ilimitadas – porque são objetos pertencentes ao mundo.
O mundo por si mesmo é limitado e não pode prover objetos infinitos. Portanto,
o quanto maior é a aquisição mundana – mesmo que seja o globo inteiro – não
asseguraria qualquer coisa de permanente ou infinito. O que então é essa coisa
infinita, eterna, que poderá prover felicidade constante?
A Suprema Consciência é por si mesma
infinita e eterna. É por si mesma sem limite. E a eterna esperança dos seres
humanos pelo alcance da felicidade pode ser apenas satisfeita pela realização
da Infinitude. A natureza efêmera das possessões mundanas, poder e posições
podem apenas levar uma pessoa à conclusão de que nada dessas questões do mundo
finito e limitado podem trazer um descanso ao eterno desejo de alcançar a
felicidade. Suas aquisições apenas dão lugar à outras aquisições, mais e mais.
Somente a compreensão da Infinitude pode trazer a felicidade. A Infinitude pode
ser apenas uma – é a Suprema Consciência. Assim, é somente a Suprema
Consciência que pode prover a felicidade constante – cuja busca é a
característica de cada ser humano. Na realidade, atrás dessa necessidade humana
está escondido o desejo, a vontade de atingir a Suprema Consciência. Essa é a
verdadeira natureza de cada ser vivente. Este é simplesmente o dharma de cada
pessoa.
A palavra dharma significa
“propriedade” (aquilo que é próprio, natural). Traduzindo do inglês, as
palavras podem ser “natureza”, “característica” ou “propriedade”. A natureza do
fogo é queimar ou produzir calor. É a característica ou propriedade do fogo e
que também determina a natureza do fogo. Similarmente, o dharma ou a natureza
dos seres humanos é alcançar a Suprema Consciência.
O grau de divindade nos seres humanos é
indicado através da transparência de sua consciência. Cada ser humano, tendo se
desenvolvido a partir dos animais, possui, portanto, dois aspectos: o aspecto
animal e o aspecto da consciência que distingue uma pessoa do animal. Os
animais mostram predominantemente sua animalidade, enquanto os seres humanos,
em função de sua bem trabalhada consciência, também possuem a racionalidade. A
animalidade nos seres humanos lhes dá uma tendência em direção à vida animal ou
às alegrias físicas. Sob esta influencia, os seres humanos procuram por sua
comida, sua bebida e as gratificações para seus desejos físicos. Eles são
atraídos por estas questões e correm atrás delas sob a influencia de suas
animalidades... porém estas questões não provêem felicidade – desde que se
encontram dentro do conceito da infinitude.
Os animais são satisfeitos por estas
alegrias limitadas – desde que sua necessidade não é infinita. Não importa quão
grande seja a quantidade das coisas oferecidas ao um animal, ele pegará apenas aquilo
que ele necessita e não se importará com aquilo que sobrar. Porém os humanos
certamente agirão de maneira diferente sob estas condições. Isto estabelece,
portanto, que os animais são satisfeitos dentro do limite, enquanto o desejo
dos seres humanos é ilimitado, mesmo que o desejo de alegria para ambos seja
proporcionado e governado pelo aspecto animal da vida. A diferença entre os
dois é em função é que o ser humano possui uma consciência transparente,
lúcida, clara – algo que os animais não possuem.
A natureza infinita do homem que clama
por uma felicidade absoluta existe simplesmente em função de sua consciência. É
essa mesma consciência que não é satisfeita com os prazeres físicos de posse,
poder e posição – coisas que, mesmo apesar de suas altas proporções, são apenas
transitórias . É a consciência que cria nos seres humanos sua ânsia pela
Suprema Consciência.
As coisas do mundo – as alegrias
físicas – não saciam a sede do coração humano por felicidade. No entanto,
encontramos pessoas que são satisfeitas por estes objetos mundanos. A
animalidade nas pessoas as leva em direção à gratificação dos seus desejos
animais, porém a racionalidade de suas consciências permanece sem gratificação
- desde que os objetos mundanos são transitórios e de vida curta e não são
suficientes para dar um final à ilimitada e infinita fome da consciência
humana. Existe, portanto, um constante duelo nos seres humanos entre sua
animalidade e sua racionalidade. O aspecto animal os empurra em direção às
alegrias terrenas, enquanto sua consciência, não satisfeita com estas alegrias
mundanas, os leva em direção à Suprema Consciência – a Infinitude. Isto resulta
numa luta entre o aspecto animal e a consciência. Se os prazeres carnais
derivados do poder e da posição fossem infinitos e ilimitados, eles poderiam
dar um final à eterna busca da consciência pela felicidade. Porém, isso não
acontece e é exatamente por não acontecer é que a glória efêmera das alegrias
temporais nunca podem assegurar uma paz duradoura na mente humana e levar as
pessoas ao êxtase.
É somente a consciência transparente
que diferencia os seres humanos dos animais. É então imperativo que os seres
humanos façam uso de sua consciência. Se sua consciência está dormente atrás de
sua animalidade, as pessoas podem se comportar como os animais. A verdade é que
podem se tornar ainda pior do que os animais em função de possuírem uma
consciência transparente e não fazerem uso da mesma. Estas pessoas não merecem
o status de seres humanos. Elas são animais em forma de humanos.
A natureza da consciência é procurar
pela Infinitude ou compreender a Suprema Consciência. Somente aquelas pessoas
que fazem uso de sua consciência e seguem suas normas merecem ser chamados de
seres humanos. Portanto, cada pessoa, ao fazer uso em sua plenitude de sua
consciência transparente, ganha o direito de ser chamado de ser humano e
encontra seu dharma ou natureza própria de ser aquela que busca pela Infinitude
da Suprema Consciência. Este desejo pela Infinitude é uma qualidade inata ou
dharma que caracteriza o status de humano ás pessoas.
A felicidade é derivada de se obter
aquilo que se deseja. Se uma pessoa não consegue obter aquilo que deseja, não
pode ser feliz. A pessoa se torna triste. A consciência transparente nas
pessoas, que é a única a distingui-las dos animais, procura pela Consciência
Cósmica ou pela Infinitude. Dessa forma, as pessoas conseguem a real felicidade
somente quando elas podem atingir a Consciência Cósmica ou entrar no processo
para alcançar essa meta. A Consciência não quer as alegrias mundanas em função
dessas serem finitas e não poderem trazer satisfação à essa Consciência. A
conclusão que chegamos é que o dharma da humanidade é compreender a Infinitude
ou a Consciência Cósmica. Somente através desse dharma que as pessoas podem
usufruir da eterna felicidade e benção.
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(*) Srii Srii Anandamurti é o Mestre, é o Guru, é o Guia Espiritual de
muitos Caminhantes que Caminham seus Caminhos sob a proteção e luz de um Homem
Sagrado. Carinhosamente chamado de Baba (cuja tradução é Pai Amado), sua força
vem provando ser radiosa, grandiosa, não apenas para o momento presente do
Planeta mas, fundamentalmente, para o futuro - quando a solidariedade e
comunitarismo entre os Caminhantes e os Povos serão não apenas uma necessidade,
mas, certamente, um desejo intenso advindo de uma consciência expandida e
iluminada
O desejo do Guru é iniciar seus discípulos
dentro do Caminho da Iluminação e da Liberação.
dentro do Caminho da Iluminação e da Liberação.
(Guru - preceptor espiritual, mestre,
literalmente “aquele que dispersa a escuridão”)
Srii Srii Anandamurti criou a organização espiritual e
social chamada Ananda Marga, cuja tradução é Caminho da Bem-Aventurança.
Pequeno glossário (a partir do original
inglês):
clearly-reflected consciousness – consciência
transparente
Cosmic Entity – Suprema Consciência,
Consciência Cósmica
Dharma – propriedade, característica,
natureza, aquilo que é próprio, natural – sua própria natureza - dever; a
característica essencial de uma entidade; a capacidade de prestar serviço, que
é a qualidade essencial do ser vivo.
COM UM ABRAÇO ESTRELADO,
Janine Milward
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